domingo, 31 de agosto de 2008

Sofistas

30.1.08

Os Sofistas


O termo “sofista” é na actualidade utilizado para designar, no contexto filosófico, aquele ou aqueles que, através da sua argumentação e discurso, pretendem persuadir um auditório a aceitar a sua tese, sendo que esta pode não ser totalmente verdadeira, pretendendo, assim, através de uma argumentação enganadora, seduzir um auditório ou mesmo lisonjeá-lo, em vez de procurar e defender a verdade.
Apesar desta conotação actual, legada por Sócrates e Platão, o termo “sofista” nem sempre teve uma conotação pejorativa, surgindo na Grécia clássica como o nome dado a um grupo de retóricos, altamente respeitado, sendo a sofística a designação dada às técnicas que eles ensinavam.
Nesta época, os sofistas eram também chamados mestres itinerantes, sendo que estes viajavam de cidade em cidade, realizando aparições públicas onde ensinavam os seus conhecimentos no âmbito da retórica aos estudantes, cobrando-lhes taxas pela educação e pelas lições.
Entre as suas principais teorias filosóficas, destacavam-se as suas crenças de carácter relativista, subjectivista, defendendo que os valores morais não são universais, dizendo não existir uma verdade objectiva e universal, não acreditando nos chamados critérios objectivos, considerando que os valores morais são relativos à sociedade da qual provêm e ainda que o conhecimento se restringe às crenças dos indivíduos, devido a inexistência desses critérios objectivos que definem os conhecimentos universais. É por estas razões que se pode compreender a máxima de Protágoras de Abdera: o homem é a medida de todas as coisas.
A importância dada à retórica por parte dos sofistas nasce dessa mesma atitude subjectivista, já que defendiam que se o conhecimento se restringe às crenças dos indivíduos e, por isso, se a formulação de conhecimento universal é impossível, para convencer os outros a aceitar as nossas ideias é necessário recorrer à arte de bem falar e de persuadir através da palavra, já que não existindo verdades universais surge a impossibilidade de comprovar a veracidade dos factos em discussão. Assim, uma crença A sobre o tema X é tão verdadeira quanto a crença B, sobre o mesmo tema. No entanto, se a crença A for persuasiva e produzir nos indivíduos um estado de convicção, poder-se-á considerar que a crença A supera a crença B, sendo mais plausível e verosímil.
A conotação negativa da palavra “sofista” surge quando estes mestres na arte de bem argumentar começaram a questionar alguns dogmas da sociedade grega, questionando a sabedoria vinda dos deuses e a própria supremacia da cultura grega, tida na época como indiscutível.
Desta forma, este grupo passou a ser tratado de forma menos valorizada, tendo ainda a reputação de recorrer a argumentos enganadores e falsos (os sofismas) para influenciar o seu público, já que defendiam a chamada verosimilhança (aparência do verdadeiro, mas não necessariamente verdadeiro, perante um auditório que se pretende convencer).
No entanto, os sofistas devem ser considerados, na tradição ocidental, os primeiros pedagogos. Ficaram célebres as técnicas utilizadas para ensinar os jovens cidadãos, entre as quais, a prática do diálogo como método de ensino (que influenciará a filosofia e pedagogia socrática) e a da antilogia, que, sustentada pela concepção relativista do conhecimento, consistia confrontar as teses adversárias sobre um mesmo tema, para analisar qual delas a mais persuasiva.

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